Mulheres prisioneiras da culpa
- Fernanda Marchiori Psicóloga
- 1 de out.
- 2 min de leitura
Nem sempre esse sentimento de culpa significa que você fez algo de errado.Vou te pedir pra respirar fundo e soltar devagar, antes de iniciar a leitura desse texto.
Na minha análise, algo me chamou muita atenção: Muitas vezes, o que eu sentia como culpa… não era culpa por ter feito mal a alguém.Era um desconforto por ter agido diferente do que esperavam de mim.
E junto com essa culpa, vinha também uma sensação profunda de inadequação.Como se, ao me escolher, ao colocar um limite, eu estivesse ocupando um lugar que não era “permitido” pra mim.Eu me sentia deslocada, errada por ser diferente do que as pessoas — ou até eu mesma — achavam que eu deveria ser.
Na psicologia analítica, a gente entende que cada pessoa constrói, ao longo da vida, uma persona — que é essa imagem social que a gente aprende a sustentar pra ser aceita, amada, reconhecida.E no caso das mulheres, essa persona costuma ser atravessada por imperativos como:“Seja compreensiva.”“Não decepcione.”“Esteja sempre disponível.”
Quando você começa a dizer “não”, a se posicionar, a colocar limites, você confronta essa imagem construída — e isso gera tensão.Não porque você esteja errada.Mas porque o ego está se afastando do que foi condicionado… e se aproximando do que é mais autêntico em você.
Essa movimentação ativa complexos inconscientes — como o da filha que não pode frustrar, da mulher que não pode ser vista como egoísta, da cuidadora que se sente mal por priorizar a própria necessidade.
E é aí que entra a culpa:Como um sintoma de um conflito psíquico — entre o desejo de seguir os próprios valores e os modelos que foram introjetados ao longo da vida.
Não é incomum sentir culpa quando começamos a sair de padrões engessados.Na verdade, esse desconforto pode ser um sinal de amadurecimento psíquico. De que o seu processo de autonomia está em curso — ou seja, de diferenciação entre o que vem de fora e o que, de fato, faz sentido para você.
Então, da próxima vez que esse sentimento surgir, talvez o caminho não seja se punir. Mas investigar:Essa culpa é mesmo minha? Ou é o efeito de romper com um papel que já não me serve mais?
Muitas vezes, o incômodo que você sente não é porque você está errada — mas porque está atravessando um movimento de maior consciência e liberdade interna e isso ainda pesa muitas de nós mulheres.
Se esse texto fez sentido para você, vamos juntas ajudar outras mulheres compartilhando com elas!
Com carinho,
Fer





Comentários